quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LA VOCE DELLA POESIA
Enzo Minarelli, um dos mais reconhecidos poetas sonoros internacionais, teórico e autor do Manifesto sobre a Polipoesia, publicou mais um livro - “LA VOCE DELLA POESIA” - onde aborda a relação da linguagem com outros meios expressivos como a música, a imagem ou o corpo.
Estuda também os aspectos que transformam o poeta em performer, relacionando a sua atitude em cena e a maneira como potencia a voz desenvolvendo a experimentação linguística, tanto a oral como a vocal, de modo a tornar a leitura num acto performativo.
O livro parte de um estudo sobre as vanguardas históricas como o Futurismo, o Dadaismo e o Surrealismo, passando pelo Letrismo e o nascimento da Poesia Sonora até à actualidade.
Numa das vezes que se refere ao meu trabalho, Enzo escreve o seguinte: “Abbiamo evocato la pagina scitta, perché látto físico dello scrivere à stato più volte portato sulla scena. Spesso abbiamo visto scrivere in performance, scrivere su fogli appesi al muro, sul corpo, alle pareti, su lavagne o a terra, anche scritture col corpo stesso, o vere costruzioni di poemi visuali, come succede com il portoghese Fernando Aguiar. La scrittura, intesa come azione física, è stata sviluppata in chiave spettacolare, anche se rapportata alla você che restava sempre l’indiscussa protagonista. L’atto dello scrivere tuttavia richiama uno stato d’isolamento, di privacy, da parte di chi lo compie in simbiótica quiete. Farlo in pubblico è pertanto un gesto coraggioso, straniarlo in un ambientazione non consona, un modo per ridargli valore.”
De entre as quase três centenas de autores internacionais o único português referido no livro, para além de mim, é o E. M. de Melo e Castro.
Enzo Minarelli é igualmente poeta verbal, videoartista, editor da colecção 3Vitre através da qual publicou diversos discos em vinil, e fundador do Arquivo homónimo, tem tido o seu trabalho estudado por autores como Renato Barilli, Henri Chopin, Dick Higgins, Filiberto Menna e Paul Zumthor, entre muitos outros.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ANTOLOGIA MENINOS ME
Já aqui tinha falado do lançamento desta antologia, no dia 28 de Agosto, em Belo Horizonte, e eis que me chega às mãos alguns exemplares trazidos pela fotógrafa Eliane Velozo.
O que de imediato salta à vista é a colorida e bonita capa do livro feita com base numa pintura de Guido Boletti. As edições da directora da revista de poesia em forma de cartaz “Mulheres Emergentes” caracterizam-se pelo cuidado que coloca nas mesmas, e a presente antologia é um bom exemplo.
O texto que o Affonso Romano de Sant’anna escreveu para a contracapa, atesta as qualidades da Tânia, a sua capacidade de trabalho e de perseverança: “Essa Tânia Diniz é uma lição de sobrevivência da Poesia.
Não tem jeito, ela faz emergir a poesia a tempo e fora de tempo, faça chuva ou faça sol. E agora, ela emerge entre os homens, os “homens emergentes”! Sim, Tânia resolveu dar uma colher de chá a essa espécie des/avergonhada (lembrando Adélia que disse que as mulheres eram ainda uma espécie envergonhada).
Eu perguntei a ela: de onde e como é que desencravou tantos poetas interessantes?
- Na praia, diz ela.
- Na praia de Mar de Espanha, me indago?
Sim, no mar imponderável de Minas e de outras praias onde a poesia ondeia como e quando pode.
É isso. Há um mistério reconfortante nos paradoxos da cultura atual. Tanto mais a sociedade tecnológica avança, mais surgem poetas. É como se, o que há de mais primitivo e o que há de mais atual, se dessem a mão.
Pois, que assim seja. Dá-lhe poesia.”
Para além dos referidos anteriormente (António Dayrell, Fernando Aguiar, Kiko Ferreira, Luiz Zanotti, Ronaldo Wernek, Ronaldo Zenha, Sandro Starling, Simão Pessoa, Wilmar Silva e Zemaria Pinto), participam também na “Antologia Meninos ME” Cláudio Márcio Barbosa, Diovvani Mendonça, Di Moreira, Flávio César de Freitas, Gabriel Bicalho, J. B. Donadon-Leal, J. S. Ferreira, João Paulo Gonçalves da Costa, Lucas Guimaraens, Lucas Viriato, Oleg+ario Alfredo da Silva, Osvaldo André de Mello, Paulinho Andrade, Sérgio Bernardo e Severino Iabá.

sábado, 17 de outubro de 2009

INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW
Entretanto recebi o catálogo do INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW, realizado em Icheon, na Coreia do Sul, integrado no World Ceramic Biennale Korea 2009, que veio confirmar a excelência da organização deste(s) evento(s).
Em pouco mais de um mês e meio após o Festival, chega-me às mãos um completo catálogo de 196 páginas com reproduções a cores de todas as performances realizadas (6 páginas de fotografias por performer mais 2 para curriculum), textos dos organizadores e um DVD com todas as performances apresentadas.
Icheon, palco deste INTERNATIONAL PERFORMANCE ART SHOW é uma cidade a cerca de 100 km a sul de Seul, onde decorreu a World Ceramic Biennale Korea 2009 num enorme e bonito Parque totalmente dedicado à cerâmica nas suas mais diversas formas de expressão.
Hong, O-Bong, Jin Sup Yoon e Jisun Kim, estão de parabéns pelo profissional trabalho de concepção, produção e de organização de um Festival que apresentou em diversos espaços do Parque, quase uma centena de performances perante um público sempre numeroso e interessado.
Relembro alguns dos participantes: André Stitt, Irma Optimist, Richard Martel, Fernando Aguiar, Huang Rui, Wen Lee, Chupon Apisuk, Roy Maayan & Anat Katz entre os estrangeiros, e Hong, O-Bong, Jin Sup Yoon, Yeo-Hyun Kwon, Neung-Kyung Seong, Yong-Gu Shin, Young-Chul Shim e Kun-Young Lee, entre outros artistas coreanos.

Yong-Gu Shin
Kun-Yong Lee
Fernando Aguiar
Yeo-Hyun Kwon
Kopas

domingo, 11 de outubro de 2009

OUSTE
O número 17 da revista francesa OUSTE – Création et Exagération, dedicado ao poeta e pintor tunisino Abderrazak Sahli, falecido no final de Fevereiro, aos 68 anos, e que tive o prazer de conhecer na segunda vez que participei no Festival Voix de la Méditerranée, em Lodéve (2007), tem como temática “Conspiration”.
Publicada em Périguex por Hervé Brunaux (que dirige igualmente o Festival EXPOÉSIE, este ano na 8ª edição), e por Fabrice Caravaca, esta revista de 100 páginas tem cerca de meia centena de colaboradores internacionais, que apresentam poemas, desenhos, fotografias, poemas visuais e pequenos contos.
De entre os participantes destaco os nomes de Luc Fierens, Pete Spence, Michel Giroud, Artemio Iglesias, Jean-Luc Parant, Thierry Tillier, Gwenaëlle Stubbe, Julien Blaine, Démosthène Agrafiotis, Fernando Aguiar, Clemente Padin, Hervé Brunaux, Pierre Garnier, Édith Azam e o homenageado desta edição.
Abderrazak Sahli, Lodéve, 2007

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PEREGRINO
A poeta romena Elena Liliana Popescu publicou em Fortaleza, no Brasil, o livro PEREGRINO que é o seu primeiro livro editado em língua portuguesa.
PELERIN é o título na versão original, editado na Roménia em 2003, agora numa tradução do professor e poeta Luciano Maia, também Cônsul Honorário da Roménia em Fortaleza.
Como já referi num texto anterior, conheci a Elena Liliana no Festival de Poesia de Havana, e desde essa data temos trocado correspondência e traduzido alguns poemas um do outro a partir das versões em castelhano.
Desta vez escrevi o prefácio para o PEREGRINO e, no resumo desse prefácio publicado na contracapa do livro, refiro o seguinte: “A poesia de Elena Liliana Popescu é uma poesia reflexiva e o discurso poético processa-se com o próprio “Pensamento”, como se este fosse o Outro e contivesse, em si, todas as respostas. Mas este Pensamento é apenas o lado meditativo da autora que vai dando, deste modo, a resposta às questões que ela mesmo coloca. É uma poesia rigorosa, sem artifícios, numa permanente descoberta de si própria, como se reconhecendo-se melhor se conhecesse”.
A Liliana teve a amabilidade de incluir no livro um poema que me é dedicado:
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UM PENSAMENTO
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A Fernando Aguiar
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Um pensamento peregrino
apenas retornado
do território encantado
das formas-pensamento
correndo
(terá se perdido ?)
se aproxima
atraído pela tua mente
que o “esperava”.
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Acaso poderia eu
pensar em ti
- lhe perguntaste –
sem te encarcerar
em meu mundo ?

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