quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


O CONTRÁRIO DO TEMPO
 
Faz hoje 6 anos que se deu início à aventura que foi escrever regularmente um blog que tinha como único objetivo divulgar as atividades artísticas nas quais participei ou ia produzindo.

Foram mais de 350 textos com as respetivas imagens que aqui foram divulgados durante esses anos, que resultaram numa espécie de diário ou “semanário” das minhas atividades artísticas, literárias e organizativas.

Apesar da recorrente falta de tempo, foi quase sempre um prazer referir as exposições, os livros, as participações em revistas, em antologias e as organizações em que estive envolvido; mostrar os meus trabalhos e referir igualmente todos aqueles que participavam nessas manifestações, a grande maioria amigos destas aventuras alternativas, ou pessoas por quem tenho bastante apreço.

Mas a verdade é que nos últimos tempos tudo se tem complicado a diversos níveis, a acrescentar a algo bastante desmotivador, que é o facto de “O CONTRÁRIO DO TEMPO” ter registado, nos últimos meses um decréscimo de visitas o que, em última análise, faz com que todo este esforço seja apenas para eu e alguns amigos usufruirmos. Apesar das cerca de 57.000 visualizações contabilizadas desde o início. Mas numa altura em que o excesso de trabalho se intensifica e os problemas de carácter pessoal aumentam, não se justifica continuar.

Aproveito assim, e sem qualquer dramatismo, o facto de comemorar hoje o 6º aniversário deste blogue, para anunciar que ele termina hoje mesmo. Talvez um dia o venha a reativar mas, muito provavelmente, isso não acontecerá nos próximos tempos.

Agradeço a todos os que visitaram regularmente “O CONTRÁRIO DO TEMPO” e a todos os que foram incentivando a que mantivesse este canal de divulgação e de informação.

Ainda assim poderei recorrer, sempre que achar necessário, ao blog FERNANDO AGUIAR ( http://fernando-aguiar.blogspot.pt/ ), ao qual, em boa verdade, nunca dei grande atenção, e que serviu essencialmente para colocar originais e vídeos. E continuará com essa função.

Como ilustração desta última postagem deixo as capas daquelas que seriam as próximas: o extraordinário trabalho de Francisco Peralto e dos seus filhos com a edição de uma obra fundamental para a poesia visual espanhola, mas também internacional, “VISUAL LIBROS”; a capa da revista “PHAYUM II”, organizada pelo poeta e amigo José-Carlos Beltrán, que tive o prazer de conhecer em V. N. de Foz Côa, em 2002, juntamente com Nieves Salvador, casal que 2 anos mais tarde foi a Valencia para me cumprimentar, antes da performance que fiz no I.V.A.M. Foi a última vez que tive a oportunidade de abraçar o José-Carlos; o cartaz do Congresso Brasileiro de Poesia e da “XVII MOSTRA INTERNACIONAL DE POESIA VISUAL”, este ano dedicada à poesia visual portuguesa, e a edição de mais uma antologia “POETA MOSTRA A TUA CARA”, iniciativa de Ademir A. Bacca, e que reproduz na capa um poema visual meu, da série “Calligraphies”.

Curiosamente, as primeiras fotografias que foram colocadas neste blog, em 2007, foram fotopoemas realizados na cidade brasileira de Montes Claros, em 2005, e termino com um fotopoema publicado na capa desta antologia de Bento Gonçalves, criado também na região de Minas Gerais, na cidade de Diamantina, em 2006, reforçando assim a minha ligação cultural e afetiva com o Brasil e os escritores brasileiros.
 
 
 
 
 

 
 
 

 
 
 

 
 
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

 
II MOSTRA IBERO-AMERICANA
DE POESIA VISUAL
 
Inaugurou no dia 25 de Janeiro, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre no Brasil (num belíssimo edifício que tive a oportunidade de visitar por duas vezes, no final dos anos 90, quando participei no Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves), a II Mostra Ibero-Americana de Poesia Visual, organizada pelo poeta Paulo Bacedônio.
 
Os poetas participantes nesta Mostra que vai estar patente ao público até ao dia 9 de Março, são: Antonio Miranda, Onna Agaia, Paulo Bruscky e Pedro Vaz (Brasil), Celma Garcia (Uruguai), Claudio Mangifesta e Hilda Paz (Argentina), Emanuel Félix e Fernando Aguiar (Portugal), Enrique Enriquez (Cuba), Filipe Lamadrid, Rafael de Cózar e Ramón de Basterra (Espanha) e, finalmente, o mestre colombiano Tulio Restrepo.
 
O cartaz da II Mostra reproduz um poema visual meu intitulado “Ensaio a duas Mãos (Para o Alberto Pimenta)”, de 1997.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

 
 

RAMPIKE
 
Durante o ano de 2012 chegaram-me às mãos os dois números da revista canadiana RAMPIKE respetivamente o Vol.21/Nº1 e o Vol.21/Nº2, ambas como mesmo tema: “Poetics: Part One e Poetics: Part Two”, revista da qual sou o correspondente em Portugal.
 
Cada edição conta com a colaboração de várias dezenas de escritores, poetas e artistas, com contos, narrativas, poemas verbais, experimentais e visuais, entrevistas e fotografia, numa revista essencialmente dedicada às literaturas atuais, mas com uma evidente ligação às artes, sob a direção do Prof. Karl E. Jirgens.
 
No primeiro volume temos material de Andrew Topel, Jerome Rothenberg, W. Mark Sutherland, Alain Davies, Lucy Howe, Steve McCaffery, Derek Beaulieu, Carla Bertola e Pete Spence.
 
No segundo, com uma conseguida capa onde sobressai o poema de Reed Altemus, destaco as participações de Michael Winkler, Leonard Cohen & Judith Fitzgerald, Charles Bernstein, Richard Kostelanetz, Brian Ang, Bill Bissett, Nick Power, Raquel Torres e Nico Vassilakis.
 
 
 


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

 
 
AMADO AMATO
 
Para comemorar os 500 anos do nascimento de Amato Lusitano, a Câmara Municipal de Castelo Branco acaba de publicar uma antologia de poesia organizada por Pedro Miguel Salvado e por Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata.
 
Nas palavras dos organizadores da antologia, esta publicação pretende lembrar João Rodrigues de Castelo Branco, conhecido na Europa da renascença como o médico Amato Lusitano, doutor e humanista de origem judia, “o insigne médico que se tornou cidadão do mundo e cuja memória não é apenas uma saudade de homem ilustre, mas um manancial de investigação num cortejo de desempenhos e de história da medicina”.
 
Conta com a colaboração de cerca de 90 escritores de vários países: Albano Martins, Alice Spíndola, Américo Rodrigues, Antonio Miranda Ana Luísa Amaral, António Ramos Rosa, António Salvado, Astrid Cabral, Aurelino Costa, Carlos Nejar, Carlos Vaz, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Fernando Grade, Gabriela Rocha Martins, Hendrick Van Noort, Isabel Leonor Salvado, João Camilo, João Rasteiro, Jorge Fragoso, Jorge Velhote, José Antunes Ribeiro, José do Carmo Francisco, José Emílio-Nelson, José Maria Muñoz Quiros, Manuel António Pina, Maria Estela Guedes, Maria do Sameiro Barroso, Miguel de Carvalho, Nicolau Saião, Porfírio Al Brandão, Raúl Vacas, Ruy Ventura, Sandra Guerreiro, Stefaania di Leo, Sylvia Beirute e Victor Oliveira Mateus, entre outros.
 
O poema que incluí nesta antologia:

 
CONTRADICÇÕES
                                                                                      
se retraço / se refaço / se prossigo e mais não digo /
se repasso e não trespasso / se redigo e não consigo /
se engraço e no compasso / ameaço e lá religo /
porque o faço ? / porque traço?/
porque maço ?/ porque sigo ?

se espero e desespero / se não quero e me redimo /
se não esmero /  pois não quero / se fero, firo e afirmo /
se refiro e não confiro / largo, tiro e animo /
porque opero ? / que tolero ? /
porque gero ? / o que estimo ?
 
se ocupo e não me culpo / se desculpo e não consinto /
se exulto e em vão oculto / se permuto e não me minto /
se não esqueço e enlouqueço / se mereço o labirinto /
porque expresso ? / porque acesso? /
se regresso e lá repinto ?
 
se envolvo e não resolvo / se promovo e mal não passo /
se osculo e sim discorro / se ocorre e não me escasso /
se parece e transparece / se na prece não me enlaço /
quem esquece ? / que acontece ? /
porque aquece ? / que desfaço ?
 
se acorro e lá percorro  / se do pranto faço encanto/
se aprovo e não recorro /  e o recanto é sacrossanto /
se escorro e subo o morro /  adianto e entretanto
porque incorro ? / porque morro ? /
se concorro e faço tanto ?
 
 
 
                 
 

 
                 
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

 
MUSEO VOSTELL MALPARTIDA
 
Até Março estará patente no Museo Vostell Malpartida, em Malpartida de Cáceres, Espanha, a exposição “Artistas de España y Portugal en la colección del Museo Vostell Malpartida”, inaugurada no passado dia 14 de Dezembro.
 
Reproduzo o texto de apresentação da exposição, numa tradução “simultânea”: “ A dimensão internacional, que permitiu à Estremadura incorporar-se no conceito de modernidade cultural em 1976 esteve, desde o primeiro momento, vinculada à presença de Wolf Vostell em Malpartida de Cáceres e a todos os laços que, por sua iniciativa, se estabeleceram com artistas de Espanha e Portugal, no marco do Museo Vostell Malpartida.”
 
“Quando a 30 de Outubro do referido ano se inaugurava “VOAEX” – a primeira escultura-ambiente de Wolf Vostell em Los Barruecos – Portugal esteve já presente nesse momento tão significativo, pois o olhar expectante do artista luso Ernesto de Sousa misturou-se então com a contemplação atenta de numerosos malpartideños, artistas, colecionadores e historiadores de arte. Desde então, Wolf e Mercedes Vostell centraram o seu entusiasmo e empenho em propiciar vínculos culturais e criativos cada vez mais fortes com e entre artistas de ambos os lados da fronteira.”
 
“A colecção do Museo Vostell Malpartida enriqueceu-se ao longo de mais de trinta anos de vida dessa frutífera relação com artistas espanhóis e portugueses. O valor daqueles primeiros encontros ibéricos em Malpartida de Cáceres, faz agora pertinente a exposição “Artistas de España y Portugal en la colección del Museo Vostell Malpartida”, pequena seleção entre o extraordinário conjunto de obras cuja natureza está sustentada nas relações de amizade e reconhecimento mútuo que Wolf Vostell soube estabelecer e cultivar com os grandes criadores que quiseram partilhar com ele fragmentos de arte e vida.”
 
Dos 44 artistas presentes nesta exposição refiro, pela ordem do cartaz (com um belíssimo poema visual de Antonio Gómez) os portugueses Fernando Aguiar, Helena Almeida, António Barros, Alberto Carneiro, Fernando Curado Matos, José Alberto Monteiro Gil, Ção Pestana, Joana Rosa, Túlia Saldanha e Ernesto de Sousa. Entre os espanhóis destaco Rafael Canogar, Nacho Criado, Equipo Crónica, Esther Ferrer, Antonio Gómez, Juan Hidalgo, José Iges, Concha Jerez, Antoni Muntadas, Pere Noguera, Agusti Puig, Joan Rabascall, Albert Ráfols-Casamada, Antonio Saura e Wolf Vostell.
 
Em baixo, a foto de uma pintura minha na inauguração de uma exposição coletiva no Museo Vostell Malpartida, em fevereiro de 2010, com uma obra do António Barros em segundo plano.
 
Fernando Aguiar, "Arte D'Escrita", 1996

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

 
CONTENEDORES
 
Rubén Barroso organizou em Sevilha, durante 9 anos, um importante Festival de Performance que intitulou “CONTENEDORES”. Em 2010 comemorando o 10º aniversário do Festival, editou um catálogo que reúne esses anos de intensa atividade criativa e performativa: “CONTENEDORES – MUESTRA INTERNACIONAL DE ARTE DE ACCIÓN – Una década de performance en Sevilla (2001-2010).
 
Com uma impressão em quadricromia de excelente qualidade (característica das edições espanholas, para além do usual baixo preço de venda ao público), o catálogo tem 192 páginas que retratam as performances realizadas por mais de 150 artistas internacionais de diferentes gerações, assim como as conferências, ateliers, videoperformances, instalações e exposições realizadas no âmbito de CONTENEDORES.
 
O catálogo reúne igualmente textos de artistas, comissários e investigadores, entre os quais Joan Casellas, Bartolomé Ferrando, Nieves Correa, Fernando Aguiar, Carlos Tejo, Hilario Álvarez, Maria AA, Nelo Vilar e Paco Almengló.
 
Dos performers que embarcaram nesta aventura (eu participei na edição de 2006) estão Antonio Gómez, Angel Pastor, María Cosmes, Rubén Barroso, Orquesta Performance, Fausto Grossi, Fernando Millán, Esther Ferrer, Maria Marticorena, Nicola Frangione, Los Torreznos, Roxana Popelka, Pepe Murciego, Juan Hidalgo, Montserrat Palacios, Llorenc Barber, Valentin Torrens e Pere Noguera.
 
 
 

 


Fernando Aguiar, "Acción Poética", Sevilha, 2006

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

 
PROYECTOR 2012
 
PROYECTOR 2012 – 5th International Videoart Festival é um evento com a apresentação de instalações, videoperformances, projecções, conferências, ateliers e mesas-redondas que se realiza em Madrid, com ligações a Coimbra e a Lisboa, e que decorreu este ano entre os dias 14 e 23 de Dezembro.
 
No texto de apresentação do Festival, refere-se que “En esta quinta edición PROYECTOR continúa ahondando en su vocación de diálogo internacional (sobre todo entre Portugal y España, que de nuevo parecen confinados al estigma de la periferia) y de experimentación formal.(…) El emplazamiento en torno a dos ejes: el cuerpo y la calle. Asumimos el espacio como elemento político, de ahí que este año pretendamos incidir en la dimensión del cuerpo y del espacio público como lugares de contienda y militancia, de empoderamiento cívico.”
 
“Entendemos que las prácticas visuales han de dirigirse -en un movimiento centrífugo- hacia la población, por ello apostamos por la calle, los espacios independientes y los talleres de artistas como emplazamientos que desean saberse próximos a los ciudadanos. PROYECTOR quiere reafirmar la ‘performatividad social’ del arte, trabajar por fortalecer, a través del lenguaje visual, su inherente capacidad de agencia y transformación.”
 
No âmbito do Festival, o poeta Marcio-André organizou no Matadero Madrid, uma sessão de videopoemas com obras de Augusto de Campos, E. M. de Melo e Castro, Endre Szkárosi, Marcio-André, Fernando Aguiar, Gab Marcondes, Ricardo Aleixo e Luis Alvarado.
 
 
Fernando Aguiar, "Dentro de Fora. Fora de Dentro", 2006
 


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

 

REVISITACIÓN
 
E um novo ano de crise começa menos mal: com a edição do livro REVISITACIÓN, publicado pela Babilonia, de Navarrés (Valencia), Espanha. Integrado na coleção “Pliegos de la visión”, tem uma tiragem de 250 exemplares numerados pelo editor Francisco Pérez, 44 páginas impressas a cor e um prefácio de César Reglero.
 
REVISITACIÓN é constituído por 38 colagens realizadas entre 1998 e 2009, parte delas inéditas e as restantes foram quase todas realizadas para participar em exposições de poesia visual ou para colaborar em revistas. E representam uma seleção das muitas dezenas que foram feitas durante esse espaço temporal.
 
Em comum o facto de terem como ponto de partida uma ou mais fotografias das minhas performances poéticas, metodologia que tenho utilizado desde os anos 80, e que são uma característica da quase totalidade das minhas colagens. Daí o título, considerando que são obras compósitas, isto é, uma (re)criação a partir de uma obra realizada anteriormente.
 
Foi um livro que gostei muito de fazer, tanto pela facilidade com que foi trabalhar com o Francisco Pérez, como pela possibilidade de rever trabalhos meus que já não via há alguns anos.
 
Nas (amáveis) palavras de César Reglero, “Este mundo mágico del abecedário tipográfico, Fernando Aguiar lo domina como un auténtico virtuoso de la metamorfosis de las letras y las palabras. Pocas vezes estas adquieren la importância que obtienen de la mano de este mago poético que, en ocasiones nos recuerda a Joan Brossa y otras a Kurt Schwitters en sus collages.”
 
“Sin embargo, Aguiar tiene unas características próprias y es inconfundible por el mimo com que trata el símbolo linguístico, por el colorido fonético que se desprende de sus obras y la estética de sus composiciones.”
 
 
Fernando Aguiar, "Homenagem a Jorge Lima Barreto", 2011
 

Fernando Aguiar, s/ título, 1998
 

Fernando Aguiar, "Para Shozo Shimamoto", 2003
 



Fernando Aguiar, s/ título, 2006



Fernando Aguiar, s/ título, 2006



Fernando Aguiar, "Para Francesco Conz", 2006
 


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

 
REDE DE CANALIZAÇÃO
 
Para terminar o ano mais uma efeméride: faz este mês 25 anos sobre a publicação do livro “REDE DE CANALIZAÇÃO”, o primeiro (e penso que o único até agora) livro editado em Portugal, que recria a apresentação de uma performance, considerando que uma sucessão de imagens será sempre uma visão parcial e seccionada de uma ação, e que nem através do vídeo se consegue reproduzir nas suas inúmeras dimensões o ato irrepetível de uma intervenção estética.
 
REDE DE CANALIZAÇÂO – a performance – foi realizada no dia 24 de Junho de 1983 na ALTERNATIVA 3 - III Festival Internacional de Arte Viva, em Almada, organizado pelo crítico Egídio Álvaro (e foi gravada em vídeo, ficando o mesmo na posse da Secretaria de Estado da Cultura e / ou Egídio Álvaro, do qual nunca tive acesso a uma cópia).
 
O livro “REDE DE CANALIZAÇÃO (uma intervenção consoante)” está dividido em 4 capítulos: “Pressuposto ou a atitude” (onde aparecem as diversas manilhas de esgoto pintadas apenas com as vogais), “Comportamento ou o gesto” (com imagens da minha intervenção sobre as mesmas), “Consecução ou o efeito” (com as consoantes já pintadas e as diversas palavras completas), “Súmula ou a iniciação” (com uma fotografia das diversas manilhas agrupadas, permitindo uma aleatória leitura do conjunto) e “Ruptura ou o curto-circuito” (com 3 versões das manilhas deitadas e sobrepostas, criando uma “amálgama” ou um poético “entrelaçado” de palavras, materializadas pelos objetos em cimento e algumas tábuas onde estas foram pintadas.
 
Os dois últimos capítulos não fizeram parte da intervenção poética, como a intitulei na altura, resultando apenas na composição estético-poética de fotografias que foram tiradas posteriormente à realização da performance.
 
Com fotografias de Luís Garcia e de Fernando Aguiar, o livro acabou por ser impresso apenas em 1987 (precisamente em Dezembro), numa coedição do autor e da Câmara Municipal de Almada, nas oficinas gráficas desta.
 
 
 

 
 

(Esta imagem não faz parte do livro, é apenas uma versão da foto do 3º capítulo, mas como é uma fotografia inédita achei interessante mostrá-la)
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

 
IDEIAS DE IMAGEM
 
 
O segundo número da Revista Ideias de Imagem surge na sequência do Ciclo de Confluências, que teve lugar em 2009 em Belo Horizonte, no Brasil, organizado por Izabel Stewart e por Dudude, a diretora da revista.
 
No editorial, Dudude afirma que “É sempre bom lembrar que tal evento invoca a invenção, o atravessamento de habilidades distintas em torno das Ideias de Imagem, o que talvez um neurologista, um artista, um poeta, um dançarino possam pensar sobre imagem. Prezando sempre pela livre escrita, ou se escreve, ou se desenha e, para tanto, todos os colaboradores foram convidados a ativar subjetivamente o sentir Ideias de Imagem.”
 
Entre os quais estão Paola Rettore, Paulo Azevedo, Vera Casa Nova, Marcelo kraiser, Rodrigo Quintela, Fernando Aguiar, João Saldanha, Guto Moniz, Angela lago, Inês Rabelo, ou Marcelo Márquez.
 
A Revista versa em português e em espanhol (para cada número é eleita uma língua estrangeira para “dançar” com a portuguesa, tem um formato próximo do A-4 e 240 páginas plenas de fotografias, textos, desenhos, poemas, pintura, tudo de excelente qualidade e com muita criatividade à solta.
 
Termino com palavras de Dudude: “Um exercício de liberdades, de suposições, de permeabilidades, de impermanências entre pessoas, entre espaços, a vida vale todo o tempo, portanto, vamos ao experimento !”
 
Fernando Aguiar, "Calligraphy", 2006
 

Fernando Aguiar, "Paola's Poem", 2006

domingo, 9 de dezembro de 2012

 
AVESTRUZ
 
Paola Rettore acabou de editar um belíssimo livro de artista intitulado “AVESTRUZ – só tenho rascunhos”, no qual apresenta uma série de “percursos e andanças na cena urbana”.
 
Em “AVESTRUZ”, e por entre textos, poemas e muita fotografia, Paolla expõe algumas das suas obras de dança, nas quais as encenações, a conceção dos figurinos e o contexto em que estas são apresentadas, numa interação solicitada e permanente com as pessoas que passam, resultam em obras estéticas de grande criatividade.
 
O livro, com uma pequena tiragem numerada e algumas das páginas executadas à mão, vem acompanhado por um DVD realizado por Marcelo Kraiser onde se pode ver, na íntegra, as intervenções de onde resultam as fotos e os textos que constituem “AVESTRUZ”.
 
Mas vou passar ao extrato do pequeno texto que escrevi e que vem publicado na contracapa do livro: “Os trajes/figurinos que Paola Rettore re(a)presenta quer em  situações de vivencia urbana, onde em muitas das imagens é revelador o contraste entre a a beleza do adereço e a rudeza do ambiente envolvente “…” quer inseridas no ambiente sofisticado e asséptico do estúdio fotográfico, onde as vestes e a movimentação conjugadas com a singularidade/seriedade das expressões faciais e do exercício da sensualidade do corpo se associam a objetos comuns que, no contexto contribuem para a dramatização da situação registada pela câmara fotográfica, configuram obras de arte “per si”.
 
“No mesmo resultam muitas das fotografias que aqui se podem observar e que conformam obras de arte contemporânea de irrepreensível qualidade artística e técnica. Obras fotográficas que, afinal, a Paola sempre concretizou, a partir da dança, da performance ou na própria edição.”
 
“Nestas fotografias, a artista revela de novo a sua verve criativa, “…” uma artista plenamente embrenhada na conceção e na revelação da sua arte, centrada na dança, mas também no cuidado que sempre demonstrou na criação dos adereços que desenvolveu para a realização do seu trabalho nessa área.”
 
“Ao contrário do belíssimo poema “Acaso Falta” (que em tempos comentei à autora que gostaria de ter sido eu a escrevê-lo), “…alta / falta F // fata / falta L  // fala / falta T // para completar”, neste triplo trabalho de criação estética na inventividade dos adereços - exposição pública - registo fotográfico, tudo fala e nada falta!”
 


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

 
PELA LEONOR VERDURA
 
Estreou no dia 29 de Dezembro o novo espetáculo do grupo “MANDRÁGORA”, que comemora precisamente 33 anos de vida associativa e onde “ desde 1979 que nos propomos a desenvolver projetos experimentais em regime de pesquisa. No ano e mês em que Mandrágora cumpre 33 anos de existência, apresentamos “PELA LEONOR VERDURA” um percurso através da poesia experimental portuguesa, com encenação de Manuel Almeida e Sousa”, como refere o programa do espetáculo.
 
Que tem como intérpretes os atores / performers Íris Santos e Bruno Vilão que, ao longo de quase uma hora de viagem pela poética experimental, dão vida aos diversos textos verbo-experimentais mas também visuais.
 
Os poetas representados são: Emerenciano, Ana Hatherly, Mário Cesariny de Vasconcelos, Liberto Cruz, Jaime Salazar Sampaio, Alberto Pimenta, E. M. de Melo e Castro, António Aragão, Abílio-José Santos, Salette Tavares, José Oliveira, Alexandre O’Neil, Fernando Aguiar, César Figueiredo, Manuel Almeida e Sousa, António Dantas, Armando Macatrão, José- Alberto Marques e Silvestre Pestana.
 
“PELA LEONOR VERDURA”, vai continuar ser apresentado na Sociedade Guilherme Cossoul, na Avenida D. Carlos I, Nº 61, em Lisboa, nos dias 7 e 8 de Dezembro, 31 de Janeiro, 1 e 2 de Fevereiro, pelas 21.30 h, após o que seguirá a para outras cidades.