AMADO AMATO
Para comemorar os 500 anos do
nascimento de Amato Lusitano, a Câmara Municipal de Castelo Branco acaba de
publicar uma antologia de poesia organizada por Pedro Miguel Salvado e por
Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata.
Nas palavras dos organizadores da
antologia, esta publicação pretende lembrar João Rodrigues de Castelo Branco,
conhecido na Europa da renascença como o médico Amato Lusitano, doutor e
humanista de origem judia, “o insigne médico que se tornou cidadão do mundo e
cuja memória não é apenas uma saudade de homem ilustre, mas um manancial de
investigação num cortejo de desempenhos e de história da medicina”.
Conta com a colaboração de cerca de
90 escritores de vários países: Albano Martins, Alice Spíndola, Américo
Rodrigues, Antonio Miranda Ana Luísa Amaral, António Ramos Rosa, António
Salvado, Astrid Cabral, Aurelino Costa, Carlos Nejar, Carlos Vaz, E. M. de Melo
e Castro, Fernando Aguiar, Fernando Grade, Gabriela Rocha Martins, Hendrick Van
Noort, Isabel Leonor Salvado, João Camilo, João Rasteiro, Jorge Fragoso, Jorge
Velhote, José Antunes Ribeiro, José do Carmo Francisco, José Emílio-Nelson,
José Maria Muñoz Quiros, Manuel António Pina, Maria Estela Guedes, Maria do
Sameiro Barroso, Miguel de Carvalho, Nicolau Saião, Porfírio Al Brandão, Raúl
Vacas, Ruy Ventura, Sandra Guerreiro, Stefaania di Leo, Sylvia Beirute e Victor
Oliveira Mateus, entre outros.
O poema que incluí nesta antologia:
CONTRADICÇÕES
se retraço / se refaço / se prossigo e mais não digo /
se repasso e não trespasso / se redigo e não consigo /
se engraço e no compasso / ameaço e lá religo /
porque o faço ? / porque traço?/
porque maço ?/ porque sigo ?
se espero e desespero / se não quero e me redimo /
se não esmero / pois não quero /
se fero, firo e afirmo /
se refiro e não confiro / largo, tiro e animo /
porque opero ? / que tolero ? /
porque gero ? / o que estimo ?
se ocupo e não me culpo / se desculpo e não consinto /
se exulto e em vão oculto / se permuto e não me minto /
se não esqueço e enlouqueço / se mereço o labirinto /
porque expresso ? / porque acesso? /
se regresso e lá repinto ?
se envolvo e não resolvo / se promovo e mal não passo /
se osculo e sim discorro / se ocorre e não me escasso /
se parece e transparece / se na prece não me enlaço /
quem esquece ? / que acontece ? /
porque aquece ? / que desfaço ?
se acorro e lá percorro / se do
pranto faço encanto/
se aprovo e não recorro / e o
recanto é sacrossanto /
se escorro e subo o morro /
adianto e entretanto
porque incorro ? / porque morro ? /
se concorro e faço tanto ?